O dever da família
As dez
principais descobertas dos especialistas sobre quando e como os pais podem
ajudar a despertar nos filhos a curiosidade intelectual e fazê-los alcançar um
desempenho melhor nos estudos.
1. Ter
livros em casa E, no caso de filhos pequenos, ler para eles. O hábito,
cultivado desde cedo, faz aumentar o vocabulário de forma espantosa. Segundo
estudo do americano James Heckman, prêmio Nobel de economia, uma criança de 8
anos que recebeu esse tipo de estímulo a partir dos 3 domina cerca de 12 000
palavras – o triplo de um aluno sem o mesmo empurrão. A diferença se faz sentir
na assimilação de conhecimento em todas as áreas. Ao analisar o fato de a
Finlândia aparecer sempre na primeira posição nos rankings de educação, um
estudo da OCDE confirma: o incentivo precoce à leitura em casa tem um papel
decisivo.
2. Reservar um lugar tranqüilo para os estudos A idéia é cuidar para que
o ambiente ofereça o mínimo necessário: mesa, cadeira, boa iluminação e
distância da televisão. Já na pré-escola, os pais podem definir o local e
incentivar seu uso diário. Os benefícios, já quantificados, são os esperados:
concentrado, o aluno aprende mais e erra menos.
3. Zelar
pelo cumprimento da lição Ainda que a criança seja pequena e a tarefa, bem
fácil, é importante mostrar a relevância dela com gestos simples, como pedir
para olhar o dever pronto ao chegar em casa. Até cerca de 10 anos, monitorar
diariamente a execução da lição não é excessivo. Ao contrário. Esse é o momento
de começar a sedimentar uma rotina de estudos, com horário e local, mesmo que
seja mais uma brincadeira. Um relatório da OCDE não deixa dúvidas quanto às
vantagens. Os melhores alunos no mundo todo levam a sério o dever de casa.
4.
Orientar, mas jamais dar a resposta certa Solucionar o problema é uma tentação frequente dos
pais quando são acionados a ajudar na tarefa de casa. Não funciona. O que dá
certo, isso sim, é recomendar uma leitura mais atenta do enunciado, tentar
provocar uma nova reflexão sobre o assunto e, no caso de filhos mais velhos,
sugerir uma boa fonte de pesquisas. Se o erro persistir, deixe-o lá. Já se sabe
que a correção do professor é decisiva para a fixação da resposta certa.
5. Preservar o tempo livre Muitos pais, ávidos por
proporcionar o maior número de oportunidades aos filhos, lotam sua agenda de
atividades fora da escola. O resultado é que sobra pouco tempo para brincar,
esse também um momento sabidamente precioso para o aprendizado. Na escola, por
sua vez, crianças com rotinas atribuladas demais costumam demonstrar cansaço, o
que frequentemente compromete o próprio rendimento.
6.
Comparecer à reunião de pais Mesmo que seja muitas vezes enfadonha, ela
proporciona no mínimo uma chance de sentir o ambiente na escola, saber da
experiência dos demais alunos e tomar contato com a visão de outros pais. A ida
a esses encontros tem ainda um efeito colateral menos visível, mas já bastante
estudado: a presença dos pais é uma demonstração de interesse que contribui para
o envolvimento dos filhos com a escola.
7.
Conversar sobre a escola A manifestação de interesse, por si só, é um
indicativo do valor dado à educação pela família. Os efeitos são ainda maiores
quando o estudo é tratado como algo agradável e aplicável à vida prática, e não
um fardo. Uma recente compilação de estudos, consolidada por um centro de
pesquisas do governo americano, mostra que um pai que consegue produzir esse
tipo de ambiente em casa aumenta em até 40% as chances de o filho se tornar um
bom aluno.
8. Monitorar o boletim No caso de um resultado ruim, o melhor a fazer é
definir um plano para melhorar o desempenho – mas não sem antes consultar a
escola e avisar o filho de que está fazendo isso. O objetivo aí é estabelecer,
junto com o colégio, uma estratégia para reverter a situação e saber qual será,
exatamente, sua participação. Está mais do que provado que castigo, nesse caso,
não funciona. Só diminui o grau de autoconfiança, já baixa, e agrava o
desinteresse pelos estudos.
9. Procurar o colégio no começo do ano É a ocasião em que cabe
perguntar, pelo menos em linhas gerais, o que a escola pretende ensinar em cada
matéria. Trata-se do mínimo para poder acompanhar tais metas e, se preciso,
cobrar sua execução.
10. Não fazer pressão na hora do vestibular O excesso de pressão por
parte da família só atrapalha no momento mais tenso na vida de um estudante. À
mesa do jantar, os pais darão uma boa contribuição ao evitar falar apenas
disso. Mas podem ajudar mais, principalmente zelando para que o ambiente de
casa na hora do estudo não fique barulhento demais e para que o filho não se
comprometa com muitas atividades. O lazer, no entanto, não deve ser suprimido.
É o que dizem os especialistas e os próprios campeões no vestibular: em 2008,
os mais bem colocados em dez áreas mantiveram uma pesada rotina de estudos,
mas, pelo menos no fim de semana, preservaram algum tempo livre.
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